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Joaquim, o esfomeado

 Joaquim sempre teve o sonho de uma vida melhor, mas nascer numa aldeia minhota no início do século XX não estava a facilitar as coisas. Decidiu tentar a sua sorte no Brasil, trabalhou durante um ano, juntou tudo o que tinha comprou o bilhete e pediu à sua mãe que lhe preparasse o farnel. Afinal a viagem de barco iria ser longa. Joaquim, ao fim de duas semanas de viagem, estava moribundo, com vergonha estava escondido no convés inferior do navio... Numa das revistas ao navio, o comandante encontra Joaquim, praticamente sem forças e pergunta-lhe:

- Que faz aqui? O seu bilhete?

Joaquim mostra o bilhete, e diz:

-Acabou o farnel, e como gastei tudo para comprar o bilhete, não tenho dinheiro para ir ao refeitório.

-Mas Sr. Joaquim, - afirmou o comandante - o bilhete já incluía alimentação e dormida.


Esta pequena história é de certo modo representativa da generalidade do povo português. Uma população informada toma melhores decisões (e reduz a tendência para passar por apertos).

Vejamos o seguinte, quantos portugueses conhecem devidamente a Constituição da República Portuguesa? As regras elementares da nossa convivência são desconhecidas, no entanto somos todos especialistas em foras de jogo?!?

E quando chegamos à literacia financeira, o panorama não é melhor. Não é de estranhar que mesmo engenheiros das melhores universidades portuguesas não saibam ler um balanço contabilístico.

Duas questões se levantam: quem beneficia deste analfabetismo funcional? E que medidas tomar?

A primeira é fácil, tanto políticos como operadores financeiros beneficiam, pois as suas ações são escrutinadas de forma medíocre permitindo que estes mantenham as suas posições de poder.

O que nos interessa, que medidas tomar e porquê. A literacia financeira e conhecimento da CRP devem começar a ser ensinados no 3° ciclo do ensino básico. No final de contas quem melhor para defender os seus direitos, liberdades e garantias fundamentais senão o próprio? Quem melhor para preparar o seu futuro e gerir a sua riqueza, senão o próprio?

Quer se queira quer não, a liberdade anda de mão dada com a responsabilidade. E de a geração anterior delegou toda a responsabilidade no estado, a próxima geração é mais consciente e como tal temos de lhes dar as ferramentas necessárias desde cedo.

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